Em meio ao turbilhão da vida moderna, onde os sentimentos fluem como rios em tempestades, os amores tornaram-se líquidos, escorrendo pelas mãos antes que possamos realmente segurá-los. Corações que um dia pulsavam com vigor e paixão agora encontram-se envoltos em uma camada de gelo, refletindo a frieza de um mundo que corre sem parar.
Eu, um viajante solitário neste deserto emocional, encontro-me à margem dessa correnteza. Os sussurros do vento me dizem que há algo mais, algo além dessa superficialidade que nos consome. As conexões parecem efêmeras, desprovidas da profundidade que um dia conheci e que ainda procuro.
O amor, para mim, é mais do que um toque passageiro ou uma promessa vazia. É um abraço que aquece a alma, uma presença que conforta nas noites mais escuras. Em um mundo onde a velocidade e a superficialidade ditam as regras, meu coração busca o que é verdadeiro, o que é duradouro. Eu simplesmente não me encaixo nesta dança de vaidades e desapegos.
Caminho por trilhas desconhecidas, guiado pela luz das estrelas que um dia foram testemunhas de promessas sinceras. Sei que em algum lugar, em algum momento, encontrarei outros corações que, como o meu, se recusam a congelar. Haverá aqueles que valorizam o silêncio compartilhado, o olhar que diz mais que mil palavras, o amor que não se esvai com as primeiras dificuldades.
Neste mundo de amores líquidos, minha alma é uma âncora que se recusa a ser levada pela maré. E enquanto outros correm na busca frenética por emoções passageiras, eu escolho a serenidade, a profundidade, a beleza que reside no compromisso e na entrega.
Sim, eu não me encaixo. E, talvez, essa seja minha maior força. Porque sei que em meio a tantos corações frios, o meu, aquecido pela esperança e pelo amor verdadeiro, será uma chama que jamais se apagará.
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