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Foto do escritorDouglas Ribeiro

As Feridas que Cutucamos: A Jornada da Autocura

Às vezes a culpa é sua. Sim, é você que, nas horas mais silenciosas da madrugada, navega pelas redes sociais em busca de vestígios do passado. É você que, mesmo sabendo que pode doer, procura por aqueles rostos, aqueles momentos que já não fazem parte do seu presente, mas que insistem em assombrar seus pensamentos. Stalkear virou um verbo comum, mas o que muitos não percebem é que, ao reviver esses momentos, estamos apenas cutucando as feridas que nunca se fecharam por completo.


Cada foto visualizada, cada comentário lido, é uma faca invisível que volta a rasgar o coração. Você tenta entender o que deu errado, procura sinais, pistas que talvez justifiquem as cicatrizes que carrega. Mas o que encontra, na maioria das vezes, são apenas mais perguntas, mais dúvidas, mais dor. E nessa busca incessante por respostas, esquecemos de olhar para frente, de perceber que a vida continua e que, às vezes, é necessário aceitar que algumas páginas devem permanecer viradas.


Culpa sua, sim, porque é você que escolhe voltar àquelas memórias, que escolhe revisitar momentos que deveriam estar adormecidos. Você que, ao invés de seguir em frente, decide carregar o peso do passado como um fardo que te impede de avançar. E a cada cutucada, a ferida que parecia estar cicatrizada volta a sangrar, lembrando-te que ainda há muito a ser curado.


Mas não se culpe demais. A necessidade de entender, de encontrar um sentido em meio ao caos, é humana. É natural querer revisitar o que nos machucou, na esperança de que, talvez, dessa vez, a dor seja menor. Que, quem sabe, ao encarar de novo aqueles momentos, a ferida finalmente comece a fechar.


Entretanto, a verdadeira cura está em soltar, em permitir que o passado fique onde pertence: no passado. Em aceitar que algumas histórias não terão um final feliz, e que tudo bem seguir em frente sem todas as respostas. Às vezes, a culpa é sua, mas a responsabilidade de se libertar também é.


Perdoe-se por stalkear, por procurar, por cutucar. Mas depois, decida que é hora de parar. Deixe as cicatrizes encontrarem seu próprio caminho para a cura. E então, permita-se viver, sem o peso do ontem, mas com a esperança do amanhã. Porque, no final das contas, a vida é muito curta para ser vivida em busca de respostas que, muitas vezes, não existem.

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