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Foto do escritorDouglas Ribeiro

O Processo de Recomeçar

A vida tem uma maneira peculiar de nos surpreender, às vezes nos presenteando com pessoas que, por um momento, parecem essenciais. Elas entram em nossos dias como um raio de sol em uma manhã nublada, iluminando nossos cantos mais escuros e trazendo uma nova cor à nossa existência. Nós nos acostumamos a suas vozes, seus sorrisos, seus toques. E, em algum lugar no meio dessa dança, começamos a acreditar que não podemos viver sem elas.


Mas a vida também tem um jeito de nos testar. E quando essas pessoas, que consideramos fundamentais, se vão, somos deixados com um vazio que parece insuportável. Demora. Dói. Cada dia sem elas é uma batalha silenciosa, um confronto com a solidão e com a dor da ausência. Sentimos falta das conversas triviais, das risadas compartilhadas, dos momentos que agora são apenas memórias.


Nas primeiras noites, o travesseiro é o único confidente. As lágrimas caem silenciosamente, e a pergunta inevitável ecoa: "Como seguir em frente?" Cada canto da casa, cada música que toca no rádio, cada aroma familiar parece conspirar para nos lembrar da falta que aquela pessoa faz.


Entretanto, o tempo, esse velho companheiro sábio, começa a fazer seu trabalho silencioso. A dor, inicialmente cortante, começa a se tornar uma dor surda. O vazio ainda está lá, mas de alguma forma, começamos a preenchê-lo com novas experiências, novos encontros, novas formas de amor e amizade. A vida, com sua insistente continuidade, nos mostra que somos capazes de seguir em frente.


Aprendemos a valorizar nossa própria companhia. Descobrimos forças que nem sabíamos que tínhamos. Momentos de introspecção nos revelam que somos mais resilientes do que imaginávamos. E, lentamente, começamos a construir uma nova normalidade. Os dias de sol voltam a brilhar, ainda que diferentes, ainda que sem aquela luz específica que nos acostumamos a ter.


Eventualmente, olhamos para trás e percebemos que a dor se transformou em saudade. Uma saudade que, embora presente, não nos impede de viver plenamente. Nos damos conta de que, sim, demorou e doeu, mas nós conseguimos nos acostumar. E nesse processo, crescemos, amadurecemos, nos tornamos versões mais fortes e completas de nós mesmos.


A jornada de se acostumar a viver sem pessoas que pareciam fundamentais é uma prova do nosso incrível poder de adaptação. É uma prova de que a vida continua, que novos capítulos são escritos, que novas páginas são viradas. E, no final, percebemos que nós mesmos somos fundamentais em nossa própria história.


E assim, a vida segue. Com suas perdas e ganhos, suas dores e alegrias, nos ensinando que, acima de tudo, somos capazes de nos reinventar e encontrar novos caminhos, mesmo quando aqueles que pareciam fundamentais já não estão ao nosso lado.

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