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EPISÓDIO 2 – O DESTINO INSISTE

A noite havia caído sobre o Rio de Janeiro, mas o calor continuava grudado na pele de Olívia enquanto ela caminhava pela orla de Copacabana. A câmera ainda pendia do pescoço, e seus pensamentos estavam presos no que acontecera mais cedo.


O protesto, a correria, o desconhecido que a puxou para longe do caos.


Vicente.


Havia algo nele que a intrigava. Não era apenas a forma como ele surgiu do nada e a tirou do meio da confusão. Era a forma como a olhou, como se já a conhecesse de algum lugar.


Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos. A última coisa que precisava era se perder em devaneios sobre um estranho qualquer.


Seu celular vibrou no bolso. Era uma mensagem de Luísa, sua melhor amiga.


Luísa: Tá na rua? Vem pro bar do Hugo. A galera tá aqui.


Olívia sorriu. Ela precisava de uma distração. Respondeu rápido, dizendo que já estava a caminho.


O bar do Hugo ficava no Leme, um daqueles lugares pequenos, sem muita frescura, mas sempre lotado de gente interessante. Quando chegou, encontrou Luísa no balcão, rindo de algo que Murilo, seu ex-namorado, dizia.


Murilo.


Ele sempre estava por perto, mesmo depois de tanto tempo. Olívia já havia seguido em frente, mas ele insistia em permanecer orbitando sua vida.


— Até que enfim! — Luísa abriu os braços, puxando Olívia para um abraço apertado. — Achei que ia passar a noite inteira tirando foto por aí.


— Não duvidaria. — Murilo comentou, lançando-lhe um sorriso torto.


Olívia revirou os olhos, mas aceitou o copo de cerveja que Luísa lhe entregou.


— E então, o que perdi?


— Hugo tá apaixonado por uma turista argentina e tá tentando impressioná-la falando portunhol. Tá uma vergonha. — Luísa riu.


— E você? Alguma novidade? — Murilo perguntou, o olhar fixo nela.


Olívia hesitou por um segundo. Contaria sobre Vicente? Sobre o jeito como ele a puxou pela mão e a olhou como se soubesse de algo que ela não?


Não.


— Nada demais. Um dia normal.


A conversa seguiu animada, mas Olívia sentia sua mente vagando para outro lugar. Ou melhor, para outra pessoa.


DO OUTRO LADO DA CIDADE

Vicente estava sentado à beira da piscina de seu apartamento na Lagoa, olhando para o reflexo das luzes da cidade na água.


Olívia.


O nome dela ecoava em sua mente como uma música que ele não conseguia esquecer.


Não era só pelo que acontecera hoje. Era por algo mais profundo, algo que ele não conseguia explicar.


Pegou o celular e abriu o Instagram. Ele nem sabia por que fazia isso, mas digitou “Olívia” na busca.


Nada.


Franziu o cenho. Será que ela tinha perfil? Será que ele estava digitando errado?


Bufou, guardando o telefone no bolso.


Ele não era desse tipo. Não ficava obcecado por desconhecidas.


Mas algo nele dizia que aquele encontro não tinha sido à toa.


E ele estava certo.


O destino ainda faria com que seus caminhos se cruzassem outra vez.


Muito antes do que ele imaginava.

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