EPISÓDIO 25 – OLHOS POR TODA PARTE

Olívia saiu do café com Renan sentindo que cada sombra na rua podia esconder um espião. Depois do que descobriram sobre Vicente, ela sabia que estavam lidando com algo muito maior do que imaginavam.

— Vamos sair daqui separados — Renan disse baixinho. — Se alguém estiver nos observando, não queremos chamar atenção.

Olívia assentiu.

— Vou voltar para o trabalho. Fingir que nada aconteceu.

Renan apertou o braço dela levemente, um toque breve, mas cheio de significado.

— Cuidado.

Ela sorriu de canto.

— Sempre.

Enquanto caminhava de volta para a empresa, Olívia sentia um peso no peito. Vicente se infiltrou no Grupo Vértice para expor seus crimes e pagou com a vida por isso. Agora, ela e Renan estavam mexendo nesse vespeiro.

"E se eu for a próxima?"

O pensamento a fez estremecer, mas afastou o medo. Tinha um propósito agora.

Assim que entrou no prédio da empresa, algo chamou sua atenção.

Na recepção, um homem de terno escuro conversava com a secretária. Ele era alto, cabelo bem cortado, uma postura rígida.

Quando Olívia passou, sentiu seus olhos a acompanhando.

Ela fingiu não notar, mas por dentro, sentiu um arrepio subir pela espinha.

"Quem é esse cara?"

Subiu para seu andar e tentou agir normalmente. Mas, ao entrar na sala, sentiu o coração disparar.

Seu computador estava ligado.

Ela sempre o desligava antes de sair. Sempre.

Olívia olhou ao redor. Tudo parecia normal, mas ela sabia que alguém tinha mexido ali.

Com passos lentos, se aproximou e tocou no mouse. A tela se iluminou, mostrando um arquivo aberto.

Contrato - Grupo Vértice

Seu sangue gelou.

Alguém sabia o que ela estava procurando.

Antes que pudesse reagir, a porta da sala se abriu.

Eduardo Lessa entrou.

— Olívia, podemos conversar?

O ar ficou pesado.

Ela forçou um sorriso, como se não tivesse acabado de perceber que estava sendo vigiada.

— Claro.

Eduardo fechou a porta atrás de si e se sentou na cadeira à frente dela.

— Tenho percebido seu interesse por assuntos que não fazem parte do seu trabalho.

Olívia sustentou o olhar.

— Como assim?

Eduardo sorriu, mas seus olhos eram frios.

— Você entende o que quero dizer.

Ela cruzou as pernas e fingiu desinteresse.

— Se está falando dos arquivos que me pediram para revisar, foi apenas uma solicitação do financeiro.

Ele observou seu rosto, tentando encontrar qualquer sinal de nervosismo.

— Espero que seja isso mesmo. Porque algumas perguntas podem trazer respostas perigosas.

O silêncio se instalou entre eles.

Depois de alguns segundos, Eduardo se levantou e sorriu de forma calculada.

— Fico feliz que tenha entendido o recado.

E saiu, deixando Olívia com a sensação de que acabara de receber uma ameaça velada.

Ela respirou fundo, tentando controlar o medo.

Eduardo sabia.

E agora, ela precisava correr contra o tempo antes que fosse tarde demais.