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EPISÓDIO 3 – O REENCONTRO

O Rio de Janeiro tem dessas coisas. Em uma cidade com milhões de pessoas, às vezes o destino decide brincar e fazer com que os mesmos rostos se cruzem, como se houvesse um fio invisível unindo duas histórias.


Naquela noite, Olívia não fazia ideia de que Vicente estava prestes a reaparecer.


Depois de algumas cervejas e risadas no bar, Luísa insistiu que todos fossem para uma festa que estava acontecendo no Mirante do Arvrão, no alto do Vidigal.


— Vai ser incrível! E a vista? Perfeita! — ela argumentou.


Olívia hesitou. Não estava exatamente no clima para festas, mas também não queria voltar para casa e ficar sozinha com seus pensamentos.


— Ok. Mas só fico um pouco.


A subida até o Vidigal foi uma aventura. O mototáxi cortava as ruas estreitas da comunidade, e Olívia sentia o vento quente contra o rosto. A cidade brilhava lá embaixo, e por um instante, ela sentiu aquela liberdade que só o Rio sabe oferecer.


Quando chegaram ao mirante, o lugar já estava lotado. O som do funk misturado com ritmos latinos fazia o chão vibrar. O cheiro de cerveja, suor e perfume doce preenchia o ar.


Olívia seguiu Luísa até o bar improvisado, pedindo um gin tônica. Ela se encostou na grade e olhou para a imensidão da cidade.


E então, sentiu.


Não viu primeiro. Sentiu.


Aquela presença inconfundível.


Virou-se devagar, e lá estava ele.


Vicente.


A alguns metros de distância, de camisa preta, uma garrafa de cerveja na mão, o olhar perdido na paisagem.


O coração dela acelerou, e por um instante, pensou em ignorá-lo. Fingia que não o via? Ia embora?


Antes que pudesse decidir, ele olhou.


E a viu.


Foi um segundo. Um segundo que durou uma eternidade.


Vicente estreitou os olhos, como se não acreditasse que era ela ali. Depois, deu um sorriso de canto, quase desafiador, e começou a caminhar em sua direção.


Olívia sentiu a respiração falhar.


— Então a fotógrafa também sabe se divertir? — ele disse, quando parou ao lado dela.


Ela sorriu de canto.


— E o herói aleatório dos becos do Centro também?


Ele riu, tomando um gole da cerveja.


— Não sou herói. Só estava no lugar certo, na hora certa.


Ela o olhou nos olhos, tentando decifrá-lo.


— E agora? Você acha que esse é o lugar certo?


Vicente inclinou a cabeça, como se estivesse considerando a pergunta. Então, aproximou-se um pouco mais.


— Se você estiver aqui, talvez seja.


O coração de Olívia deu um salto involuntário. Ela não sabia o que responder, e odiava isso. Sempre tinha uma resposta para tudo, mas Vicente… ele bagunçava as coisas.


Antes que ela dissesse algo, Luísa apareceu, puxando-a pelo braço.


— Amiga, preciso de você agora! Drama acontecendo!


Olívia piscou, confusa, e olhou para Vicente.


— Deveria salvar sua amiga.


Ela respirou fundo.


— Acho que sim.


Começou a se afastar, mas então parou, olhou para ele e disse:


— Até mais, Vicente.


Dessa vez, ela sabia que o veria de novo.


E ele também.

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