EPISÓDIO 3 – O REENCONTRO
- Douglas Ribeiro
- 12 de mar.
- 2 min de leitura
O Rio de Janeiro tem dessas coisas. Em uma cidade com milhões de pessoas, às vezes o destino decide brincar e fazer com que os mesmos rostos se cruzem, como se houvesse um fio invisível unindo duas histórias.
Naquela noite, Olívia não fazia ideia de que Vicente estava prestes a reaparecer.
Depois de algumas cervejas e risadas no bar, Luísa insistiu que todos fossem para uma festa que estava acontecendo no Mirante do Arvrão, no alto do Vidigal.
— Vai ser incrível! E a vista? Perfeita! — ela argumentou.
Olívia hesitou. Não estava exatamente no clima para festas, mas também não queria voltar para casa e ficar sozinha com seus pensamentos.
— Ok. Mas só fico um pouco.
A subida até o Vidigal foi uma aventura. O mototáxi cortava as ruas estreitas da comunidade, e Olívia sentia o vento quente contra o rosto. A cidade brilhava lá embaixo, e por um instante, ela sentiu aquela liberdade que só o Rio sabe oferecer.
Quando chegaram ao mirante, o lugar já estava lotado. O som do funk misturado com ritmos latinos fazia o chão vibrar. O cheiro de cerveja, suor e perfume doce preenchia o ar.
Olívia seguiu Luísa até o bar improvisado, pedindo um gin tônica. Ela se encostou na grade e olhou para a imensidão da cidade.
E então, sentiu.
Não viu primeiro. Sentiu.
Aquela presença inconfundível.
Virou-se devagar, e lá estava ele.
Vicente.
A alguns metros de distância, de camisa preta, uma garrafa de cerveja na mão, o olhar perdido na paisagem.
O coração dela acelerou, e por um instante, pensou em ignorá-lo. Fingia que não o via? Ia embora?
Antes que pudesse decidir, ele olhou.
E a viu.
Foi um segundo. Um segundo que durou uma eternidade.
Vicente estreitou os olhos, como se não acreditasse que era ela ali. Depois, deu um sorriso de canto, quase desafiador, e começou a caminhar em sua direção.
Olívia sentiu a respiração falhar.
— Então a fotógrafa também sabe se divertir? — ele disse, quando parou ao lado dela.
Ela sorriu de canto.
— E o herói aleatório dos becos do Centro também?
Ele riu, tomando um gole da cerveja.
— Não sou herói. Só estava no lugar certo, na hora certa.
Ela o olhou nos olhos, tentando decifrá-lo.
— E agora? Você acha que esse é o lugar certo?
Vicente inclinou a cabeça, como se estivesse considerando a pergunta. Então, aproximou-se um pouco mais.
— Se você estiver aqui, talvez seja.
O coração de Olívia deu um salto involuntário. Ela não sabia o que responder, e odiava isso. Sempre tinha uma resposta para tudo, mas Vicente… ele bagunçava as coisas.
Antes que ela dissesse algo, Luísa apareceu, puxando-a pelo braço.
— Amiga, preciso de você agora! Drama acontecendo!
Olívia piscou, confusa, e olhou para Vicente.
— Deveria salvar sua amiga.
Ela respirou fundo.
— Acho que sim.
Começou a se afastar, mas então parou, olhou para ele e disse:
— Até mais, Vicente.
Dessa vez, ela sabia que o veria de novo.
E ele também.
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