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EPISÓDIO 7 – O QUE VICENTE ESCONDE?

Olívia seguiu Vicente por ruas que não conhecia tão bem. Ele caminhava rápido, como se quisesse despistar alguém que talvez nem estivesse lá.


Passaram por uma viela estreita, subiram uma escadaria de azulejos desgastados e chegaram a uma praça escondida atrás de um conjunto de casas antigas.


Só então Vicente parou.


Olhou ao redor, como se tivesse certeza de que ninguém os seguia, e só depois encarou Olívia.


— Antes de perguntar qualquer coisa, só me promete que não vai se meter nisso.


Ela cruzou os braços.


— Você me traz até aqui, me faz apagar uma foto e agora quer que eu finja que nada aconteceu?


Ele suspirou, coçando a nuca.


— Você não entende…


— Então me faz entender.


Vicente olhou para ela por um instante. Então, respirou fundo e finalmente disse:


— Aquele homem com quem eu estava falando… Ele é um advogado. Trabalha para um cara perigoso.


Olívia franziu a testa.


— Que tipo de perigoso?


Vicente hesitou.


— Alguém que tem dinheiro demais, poder demais e acha que pode comprar qualquer um.


— E o que ele quer com você?


Vicente desviou o olhar por um momento.


— Eu fiz um trabalho para ele há algum tempo. Um favor. Agora ele quer outro.


Olívia sentiu um arrepio.


— Que tipo de favor?


— Do tipo que eu não devia ter aceitado da primeira vez.


Ela ficou em silêncio.


Vicente respirou fundo e continuou:


— O problema dessas pessoas é que quando você aceita uma vez, elas acham que você está preso.


Olívia analisou o rosto dele. Vicente não era só um cara que surfava no Arpoador e tocava violão por aí. Havia algo muito maior por trás daquela fachada despreocupada.


E agora, ela estava envolvida.


— Você pode sair disso? — perguntou.


Ele riu de leve, sem humor.


— Essa é a pergunta errada.


— Qual é a certa?


Ele olhou nos olhos dela.


— Se eu quero sair.


Silêncio.


Olívia não sabia o que dizer.


Vicente suspirou e passou a mão pelo rosto.


— Eu te trouxe aqui porque sabia que você não ia deixar isso pra lá. Mas agora que sabe, faz o que eu pedi. Não se mete.


Ela podia concordar. Podia fingir que nada daquilo a afetava e seguir com sua vida.


Mas, no fundo, já sabia a resposta.


— Muito tarde pra isso, Vicente.


Ele a encarou, como se tentasse decidir se aquilo era bom ou ruim.


E, no fundo, Olívia também não sabia.

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