No vasto e intrincado labirinto das emoções humanas, há um corredor pouco explorado, muitas vezes negligenciado pela pressa do dia a dia e pela ilusão de que a vida é um constante estado de felicidade. Nesse corredor, ecoa um sussurro que precisa ser ouvido: "Tá tudo bem, não estar tudo bem."
Somos ensinados desde cedo a sorrir diante das câmeras, a desfilar um ar de sucesso e contentamento, como se a tristeza, a ansiedade e o medo fossem visitantes indesejados em nosso palco pessoal. No entanto, é na aceitação desses sentimentos "negativos" que encontramos a verdadeira plenitude.
Imagine uma pintura onde o artista se recusa a usar as sombras, onde o contraste é banido em prol de uma luz perene. Seria uma obra pobre, carente de profundidade e significado. Da mesma forma, nossa vida perde sua riqueza quando reprimimos nossas dores e angústias.
"Tá tudo bem, não estar tudo bem", é o convite para dançarmos com nossas sombras, para abraçarmos nossas vulnerabilidades com a mesma ternura com que acolhemos nossas alegrias. É reconhecer que a verdadeira coragem reside na autenticidade, na coragem de se permitir sentir, de se permitir ser humano.
Nossas lágrimas não diminuem nossa força, mas sim a enriquecem. Elas são testemunhas silenciosas de nossa jornada, marcas de um coração que ama e sofre, que ri e chora, que se perde e se encontra.
Então, da próxima vez que a tristeza bater à sua porta, não a rejeite. Abra-a com gentileza, ofereça-lhe um assento à mesa e ouça sua história. Pois é nos momentos de maior escuridão que descobrimos a luz que habita dentro de nós.
"Tá tudo bem, não estar tudo bem." Repita isso para si mesmo como um mantra de aceitação e compaixão. Permita-se ser humano, com todas as suas nuances e contradições. E lembre-se sempre: na imperfeição reside a verdadeira beleza da vida.
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