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O Amor Que Sempre Foi Meu

Durante muito tempo, eu pedi para ser amado. Não com palavras, mas com olhares carregados de expectativa, com silêncios que imploravam por um gesto de afeto, com o medo de ser esquecido. Eu queria que alguém me enxergasse, me escolhesse, me segurasse firme e dissesse: "Eu não vou embora."


Mas a verdade é que, quando pedimos amor, é porque algo dentro de nós está em falta.


Eu me doei demais, esperando que, em troca, alguém me devolvesse aquilo que eu não conseguia encontrar dentro de mim. Fiz do amor dos outros uma necessidade, um refúgio, uma espécie de validação para existir. Porque, se alguém me amasse, então talvez eu fosse suficiente. Se alguém me escolhesse, então talvez eu valesse a pena.


Mas o problema de depender do amor alheio é que ele nunca vem do jeito que precisamos. E, quando vem, sempre parece insuficiente. Queremos mais, pedimos mais, imploramos por mais… porque estamos vazios.


Foi preciso quebrar—e quebrar feio—para entender que eu nunca encontraria lá fora aquilo que deveria estar dentro de mim. Foi preciso me perder em amores rasos, em promessas não cumpridas, em desencontros que me fizeram chorar, para perceber que eu buscava desesperadamente por algo que só eu poderia me dar.


Eu quis que me escolhessem, mas eu sequer me escolhia. Eu queria ser prioridade, mas me deixava sempre para depois. Eu esperava que alguém me mostrasse meu valor, mas eu mesmo não sabia reconhecê-lo.


E então, um dia, eu parei.


Parei de pedir, parei de correr atrás, parei de me moldar para caber no amor dos outros. Em vez disso, comecei a me olhar com a delicadeza que sempre esperei de alguém. Aprendi a apreciar a minha própria companhia, a me tratar com paciência, a celebrar minhas vitórias sem precisar que alguém as reconhecesse por mim.


Descobri que, quando nos damos amor, a carência desaparece. A ansiedade diminui. O medo da solidão se transforma em liberdade. O desespero por atenção vira tranquilidade. E o que antes parecia ser um buraco imenso dentro de nós, aos poucos, se preenche com tudo aquilo que sempre deveria ter sido nosso.


Hoje, não peço mais para que me amem. Eu me amo. E isso, por si só, já é o suficiente.

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