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O Que Dói Não Deve Ser Casa

A gente aprende a suportar. No começo, é só um incômodo leve, um aperto no peito que dá para ignorar. Depois, vem a justificativa: “Não é tão ruim assim.” E, antes que se perceba, aquilo que um dia machucou vira rotina.


A gente se acostuma ao silêncio frio depois das brigas, ao aperto no peito quando a mensagem não chega, ao nó na garganta ao engolir palavras que nunca serão ditas. A gente se acostuma à falta, ao descaso, ao amor raso que nunca transborda, mas que, de alguma forma, sempre nos convence a ficar.


E a gente fica.


Fica porque acredita que um dia melhora. Fica porque já investiu tempo demais. Fica porque, no fundo, tem medo de ir. Medo do vazio que vem depois, medo de recomeçar, medo de não saber como é viver sem aquilo que, apesar de doer, se tornou familiar.


Mas a verdade é que não é normal acordar se sentindo insuficiente. Não é normal duvidar do próprio valor porque alguém não sabe enxergá-lo. Não é normal implorar por um amor que deveria ser oferecido sem que se peça.


A gente não foi feito para viver em guerra com o próprio coração.


Então, se dói, vá embora. Se sufoca, solte. Se machuca, pare de segurar.


Não se acostume com a ausência de afeto. Não se conforme com um amor que só te faz duvidar de si mesmo. Não aceite migalhas quando o seu coração precisa de plenitude.


Você merece amor que seja paz, que seja casa, que não te faça ter que provar, o tempo todo, que é digno de ficar.

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