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Os desencontros de quem ainda tenta ficar

Talvez a gente tenha se perdido um do outro sem perceber. Um passo fora do ritmo, uma palavra engolida, um silêncio a mais. No começo, foi apenas um descompasso leve, quase imperceptível, como quem tropeça, mas logo se equilibra. Só que, ao invés de ajustarmos os passos, seguimos em direções opostas, sem notar que, aos poucos, a distância crescia entre nós.


Continuamos tentando, eu sei. Tentamos nos encontrar nos mesmos lugares, nas mesmas conversas, nas mesmas lembranças. Como se repetir aquilo que um dia fomos pudesse trazer de volta o que se perdeu. Mas amor não é só sobre insistir — às vezes, é também sobre entender quando já não há mais caminho a ser percorrido juntos.


Eu queria que tivéssemos percebido antes. Que tivéssemos notado que o amor começou a doer, que os abraços ficaram menos apertados, que as palavras começaram a falhar. Porque eu sei que ainda havia sentimento, mas talvez já não houvesse mais espaço para ele crescer.


E o que dói não é só o fim. É a tentativa infinita de nos reencontrarmos onde já não existíamos mais. É essa teimosia em permanecer, mesmo quando o coração já pedia para partir. É o medo de admitir que, por mais bonito que tenha sido, a gente se perdeu. E talvez não haja mais mapa que nos traga de volta.


Mas, se algum dia nos encontrarmos novamente, que seja sem a pressa de consertar o que passou. Que seja sem a angústia de tentar ser de novo quem já não somos. Que seja com o carinho de quem entende que algumas histórias não precisam durar para sempre para serem inesquecíveis.


Porque, no fim, o amor verdadeiro não é aquele que nunca se perde. É aquele que, mesmo quando se vai, deixa marcas que nem o tempo consegue apagar.

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