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EPISÓDIO 8 – ENTRE O DESEJO E O PERIGO

O silêncio entre eles ficou pesado.


Vicente desviou o olhar, como se tentasse decidir o que fazer.


— Você não entende no que está se metendo, Olívia.


Ela deu um passo à frente.


— Então me explica.


Ele riu, sem humor.


— Você tem esse hábito irritante de não aceitar respostas vagas.


— Exato.


Vicente suspirou e esfregou a nuca, pensativo.


— Tá bom. Você quer saber? Eu cresci nesse meio. O homem que me procurou trabalha para alguém que fez favores para o meu pai, anos atrás. Quando meu pai morreu, eu fui obrigado a pagar essa dívida.


Olívia franziu a testa.


— Como assim?


Ele apertou os lábios, hesitante.


— Meu pai devia dinheiro. Muito dinheiro. E quando ele se foi, as cobranças vieram para mim. Eu não tinha escolha.


Olívia sentiu um nó no estômago.


— E você fez o quê?


Vicente desviou o olhar para o chão.


— Coisas que eu preferia esquecer.


Ela respirou fundo.


— E agora?


Ele a olhou nos olhos, e dessa vez sua voz saiu mais baixa.


— Agora eles querem que eu faça de novo.


Um arrepio percorreu a espinha de Olívia.


Vicente deu um passo para trás, como se quisesse encerrar o assunto.


— Eu já falei demais. Você não precisa carregar isso.


Ela cruzou os braços.


— Eu já tô carregando.


Ele passou a mão pelos cabelos, frustrado.


— Você é teimosa demais.


— E você não percebe que eu me importo?


Silêncio.


A tensão entre eles mudou.


Vicente a encarou por um instante, como se tentasse decidir algo.


E então, antes que ela pudesse reagir, ele deu um passo à frente e segurou seu rosto com as mãos.


— Você não devia confiar em mim.


— Eu sei.


E então ele a beijou.


Foi um beijo intenso, cheio de urgência e medo. Como se soubessem que aquele momento poderia ser tudo o que tinham.


Quando se afastaram, os olhos dele estavam escuros, cheios de um desejo contido.


— Você deveria correr de mim, Olívia.


Ela tocou o rosto dele, os dedos suaves contra sua pele quente.


— Acho que já é tarde pra isso.


Vicente fechou os olhos por um segundo, como se tentasse controlar algo dentro dele.


E então, sem dizer mais nada, puxou-a para perto novamente.

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