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A despedida que me salvou

No começo, eu não conseguia enxergar. Sua partida parecia uma ferida aberta, um espaço vazio que nada preenchia. Eu tentava entender como alguém que um dia foi tudo pôde, de repente, se tornar nada. Passei noites em claro revivendo cenas, procurando respostas, tentando encontrar alguma lógica no seu adeus.


Mas o tempo, esse que sempre sabe mais do que a gente, começou a me mostrar o que eu não queria ver: sua saída da minha vida foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido.


Porque enquanto você estava aqui, eu me esquecia de mim. Me moldava ao que você queria, diminuía minhas vontades para encaixar nas suas, abafava minha voz para não desagradar. Eu achava que isso era amor, mas era medo. Medo de te perder, medo de não ser suficiente, medo de ficar só.


E então, ironicamente, foi quando você foi embora que eu finalmente me encontrei.


A dor da sua ausência, que no início parecia insuportável, foi, aos poucos, se transformando em aprendizado. Aprendi a cuidar de mim como nunca cuidei antes. Aprendi a me ouvir, a me priorizar, a entender que amor não é sobre insistir onde não há reciprocidade. Aprendi que estar sozinho não significa estar perdido, mas sim ter a chance de se reconectar com quem realmente somos.


Hoje, com o coração leve, posso dizer: obrigado por ter saído da minha vida.


Obrigado por ter me deixado espaço para crescer, por ter me ensinado, ainda que de forma dura, que algumas perdas são livramentos. Obrigado por ter me mostrado, sem querer, que a minha felicidade nunca deveria ter dependido de você.


E, principalmente, obrigado por ter ido embora… Porque só assim eu pude ficar.

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