Enquanto eu ainda olhava para trás

Foi difícil.

Difícil entender que, enquanto eu revivia cada detalhe do que fomos, você já seguia por outros caminhos. Enquanto eu ainda me perguntava onde erramos, você já nem pensava mais nisso. Enquanto eu tentava juntar os cacos do que sobrou, você parecia inteira, leve, como se nada tivesse realmente te atingido.

Doeu perceber que o tempo passou diferente para nós dois.

Porque, para mim, o fim não aconteceu no dia da despedida. Ele veio em ondas, aos poucos, se espalhando por cada canto da minha rotina. Foi na falta das mensagens de bom dia, no silêncio do meu celular, nos lugares que pareciam vazios sem a sua presença. O fim aconteceu nos domingos sem sentido, nas noites mal dormidas, no hábito de pegar o telefone e lembrar que não havia mais motivo para escrever.

Mas para você… para você pareceu tão simples. Você não olhou para trás. Não hesitou. Não pareceu carregar o peso que eu carregava.

E eu me perguntei: será que significou algo para você? Ou será que eu amei sozinho esse tempo todo?

Foi difícil aceitar.

Aceitar que, enquanto eu tentava entender como continuar sem você, você já tinha aprendido a caminhar sem mim. Aceitar que, para você, o fim foi um ponto final, enquanto, para mim, parecia uma frase inacabada.

Mas, com o tempo, eu percebi algo importante: cada um tem seu próprio tempo para processar um adeus. Talvez você tenha começado a se despedir antes mesmo do fim oficial. Talvez sua ausência tenha começado muito antes do momento em que paramos de nos falar.

E, no fundo, isso não significa que eu fui menos importante. Apenas significa que eu precisei de mais tempo para entender.

Hoje, eu sei que não importa quem superou primeiro. O que importa é que, um dia, a dor passa para todos. Até para mim.

E, quando esse dia chegar, quando eu perceber que já não te busco mais em pensamentos, que sua lembrança já não aperta o peito, que o amor que senti virou apenas um capítulo bonito do meu passado… então, finalmente, eu terei superado também.