O alívio que vem depois da tempestade
- Douglas Ribeiro
- 25 de fev.
- 2 min de leitura
No início, tudo o que a gente sente é dor. Ela chega sem pedir licença, se instala no peito e faz morada por um tempo que parece não ter fim. Dói acordar e lembrar do vazio, dói perceber que as promessas ficaram pelo caminho, dói se acostumar com a ausência de quem um dia parecia essencial.
E, no meio dessa dor, a gente se pergunta se algum dia vai passar. Se o peso no peito vai aliviar, se os dias vão voltar a ser leves, se o riso vai deixar de ser forçado. Parece impossível enxergar além do sofrimento. Parece injusto ter que seguir em frente quando tudo o que queríamos era voltar no tempo e fazer dar certo.
Mas o tempo, sábio como sempre, se encarrega de nos mostrar o que não conseguimos ver enquanto estamos feridos. E um dia, sem aviso, a dor que parecia infinita começa a perder força. O que antes era um aperto sufocante se torna apenas uma lembrança distante. E, no lugar da angústia, vem a clareza: o fim foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.
Percebemos que, se tivéssemos ficado, teríamos nos perdido de nós mesmos. Que, por mais que tenhamos amado, aquele amor já não nos fazia bem. Que, para seguir em frente, era preciso soltar. E que a vida, mesmo depois de tantas quedas, sempre nos oferece um recomeço.
O que antes parecia castigo, entendemos como livramento. O que antes chamávamos de perda, reconhecemos como libertação. Porque o amor, quando é verdadeiro, não aprisiona, não sufoca, não dói tanto assim. E quando finalmente conseguimos enxergar isso, vem a paz que tanto buscamos.
Então, se hoje você sente que o fim foi cruel, se sente que nunca vai passar, lembre-se: toda dor um dia se transforma. E quando ela se for, você vai olhar para trás e perceber que, na verdade, foi salvo.
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