O preço de ficar onde o coração não cabe
- Douglas Ribeiro
- 24 de fev.
- 2 min de leitura
Existem lugares que nos esvaziam, pessoas que nos diminuem e relações que nos fazem esquecer o que merecemos. Há momentos em que insistimos em ficar, mesmo sabendo que ali o amor já não faz morada. Mas o coração sempre sente — e, cedo ou tarde, a alma se cansa.
Porque onde não há amor, há ausência. E a ausência pesa mais do que qualquer despedida. É o frio de um abraço sem calor, o silêncio de palavras que nunca chegam, o eco daquilo que poderia ter sido, mas nunca foi. Não há pior solidão do que aquela sentida ao lado de alguém.
Demorar-se onde não há amor é abrir mão, pouco a pouco, da própria essência. É tentar encontrar sentido no vazio, esperar reciprocidade onde há apenas conveniência. É aceitar migalhas e chamá-las de afeto, é sufocar a própria voz para não perturbar quem nunca se importou em ouvir.
Mas o amor não é para ser mendigado. Amor não é sobre implorar presença, não é sobre aceitar restos, não é sobre se diminuir para caber em espaços que nunca foram seus. O amor verdadeiro é morada, é abrigo, é paz. É aquele lugar onde a gente chega e sabe que pode ficar sem medo, porque ali existe acolhimento, cuidado e verdade.
Então, se o amor não estiver lá, não se demore. Não insista. Não tente preencher vazios que não são seus. Partir pode doer, mas permanecer onde não há amor dói muito mais. Dói porque nos rouba a luz, nos tira a fé no amor, nos faz duvidar do nosso próprio valor.
Que você nunca se prenda ao medo da solidão a ponto de aceitar um amor raso. Que tenha coragem de ir embora quando perceber que não há mais brilho nos olhos, nem vontade genuína de permanecer. Que entenda que amar-se é também saber sair de cena quando o papel que lhe deram foi o de figurante na própria história.
O amor, quando é verdadeiro, não aprisiona, não desgasta, não faz implorar. O amor verdadeiro chega sem precisar ser forçado. Ele flui, ele acolhe, ele permanece. E, onde ele não existir, que você saiba: sua presença não é necessária. Seu coração merece mais.
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