O recomeço que nasce do fim
- Douglas Ribeiro
- 24 de fev.
- 2 min de leitura
Ninguém gosta de finais. Eles trazem um gosto amargo de despedida, um silêncio incômodo onde antes havia presença, uma saudade que chega antes mesmo da ausência se completar. Mas, por mais que doa admitir, alguns finais são necessários. São eles que nos empurram para longe do que já não nos faz bem, que nos ensinam a soltar o que nunca foi nosso e a abrir espaço para o que ainda está por vir.
A gente tem medo do fim porque ele nos obriga a encarar o desconhecido. E o desconhecido assusta. Dói olhar para um caminho que sempre percorremos e perceber que ele não nos leva mais a lugar nenhum. Mas talvez a vida esteja apenas nos ensinando a mudar a rota. Talvez seja um convite, disfarçado de despedida, para algo maior do que imaginamos.
Nem todo final é um fracasso. Às vezes, é apenas o jeito que a vida tem de nos lembrar que merecemos mais. Que estávamos aceitando menos do que deveríamos, que nos acomodamos em histórias que já não nos preenchiam. Alguns términos não são sobre perda, mas sobre libertação. Não são sobre fracasso, mas sobre crescimento.
Sim, recomeçar dá medo. Mas ficar onde não pertencemos deveria assustar muito mais. Não é saudável insistir em um capítulo que já foi escrito por inteiro. Não é justo com o próprio coração permanecer em um lugar que não permite mais florescer. Finais precisam acontecer para que a gente possa aprender a recomeçar.
E, por mais assustador que pareça, recomeços também trazem beleza. Eles nos ensinam que a vida continua, que o sol nasce de novo depois da tempestade, que há caminhos que só conseguimos enxergar quando temos coragem de dar o primeiro passo. Eles nos mostram que somos mais fortes do que imaginávamos, que somos capazes de reconstruir a própria história, mesmo com as mãos trêmulas e o coração ainda machucado.
Então, se a vida estiver pedindo um fim, não lute contra. Confie. Pode doer agora, mas em algum momento você vai olhar para trás e entender que era exatamente o que precisava acontecer. Porque sempre há um novo começo esperando por quem tem coragem de deixar o que já não faz sentido para trás.
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