O tempo não espera
- Douglas Ribeiro
- 4 de mar.
- 2 min de leitura
Eu achei que não conseguiria.
No começo, tudo parecia girar em torno da sua ausência. O mundo seguia em frente, mas eu não conseguia sair do lugar. Sua falta pesava em cada canto da minha rotina, nos horários que antes eram preenchidos por sua voz, nos detalhes que só faziam sentido porque eram nossos.
A vida parecia suspensa, como se tivesse parado junto com você. Mas a verdade é que ela nunca parou.
O tempo não esperou a minha dor passar, não me deu um aviso antes de seguir adiante. Os dias continuaram nascendo, as horas continuaram correndo, e eu, por mais que tentasse negar, fui sendo arrastado junto.
Aos poucos, comecei a perceber que o que parecia impossível estava acontecendo: eu estava vivendo. Mesmo sem perceber, mesmo sem querer. As manhãs voltaram a ser apenas manhãs, e não lembranças do tempo em que você estava aqui. Os lugares que um dia foram cenários do nosso amor se tornaram apenas lugares. E as músicas que antes eram feridas abertas se transformaram em melodias bonitas, mas sem dor.
Foi então que eu entendi: a vida segue, com ou sem você.
Porque por mais que a sua ausência tenha doído, por mais que eu tenha demorado a me acostumar com o vazio, a vida não dependeu do nosso amor para continuar. Ela me empurrou para frente, me mostrou novas possibilidades, me fez enxergar que ainda havia muito por viver.
E foi assim que percebi que minha felicidade nunca deveria ter sido refém da sua presença.
Hoje, olhando para trás, vejo que sobrevivi ao que um dia achei que seria o meu fim. E, mais do que isso, vejo que recomecei. Com feridas que viraram cicatrizes, com lembranças que não me machucam mais, e com a certeza de que a vida sempre encontra um jeito de florescer… Mesmo depois de qualquer despedida.
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