O Tempo Sempre Nos Reorganiza
- Douglas Ribeiro
- 10 de mar.
- 2 min de leitura
No começo, tudo parece insuportável. A dor tem um peso que nos dobra, o vazio grita, e a saudade se espalha como um eco que se recusa a ir embora. A gente se pergunta se um dia vai passar, se algum dia vamos conseguir respirar sem que o peito aperte, sem que o passado nos puxe de volta.
Os dias seguem arrastados, e a dor insiste. Tentamos disfarçar, ocupamos a mente, fingimos que está tudo bem, mas, lá dentro, ainda há um buraco. Um buraco de tudo que foi, de tudo que poderia ter sido, de tudo que ainda não sabemos como deixar para trás.
Mas aí vem o tempo.
E o tempo, mesmo quando parece cruel, é o que nos salva.
Sem que a gente perceba, ele nos reorganiza. Ele nos refaz. Um dia, do nada, acordamos e a saudade já não machuca tanto. Os dias voltam a ter cor. A música que nos fazia chorar já não causa aquele aperto. O sorriso aparece com mais facilidade. A gente se reencontra.
Não é de uma hora para outra. Às vezes, leva semanas. Meses. Anos. Mas acontece.
A verdade é que ninguém fica preso para sempre em uma dor. A gente sofre, a gente sente, mas a gente sobrevive.
Porque a vida segue. Porque o coração, por mais ferido que esteja, tem o dom de se refazer.
Talvez hoje ainda doa. Talvez amanhã doa um pouco menos. Mas, no fim das contas, a gente sempre fica bem.
E quando percebemos isso, quando olhamos para trás e vemos o tanto que caminhamos, entendemos que tudo fez parte. Que cada dor nos tornou mais fortes. Que cada despedida nos ensinou algo valioso.
E que, por mais que um dia tenhamos achado que não conseguiríamos, aqui estamos. Inteiros. Seguimos. E, finalmente, bem.
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