top of page

Quando Ficar Custa Demais

A gente cresce ouvindo que quem ama não desiste. Que é preciso insistir, lutar, segurar firme. Que o amor de verdade vence qualquer obstáculo.


Mas ninguém nos ensina que amor, para ser amor, precisa ser recíproco.


E é por isso que demoramos tanto para entender que, às vezes, abrir mão não é fraqueza. É respeito próprio. É cuidado com o que sentimos. É um jeito silencioso de dizer: “Eu fiz o que pude, mas não posso carregar isso sozinho.”


A gente não desiste do que quer.


Desistimos do que dói mais do que faz bem. Do que nos obriga a diminuir para caber. Do que nos deixa esperando, sem nunca chegar.


Desistimos do que nos olha, mas não nos vê.


Do que nos prende, mas não nos acolhe.


Do que nos faz sentir sozinhos, mesmo acompanhados.


A verdade é que, quando o amor nos alimenta, a gente fica. Quando faz sentido, a gente luta. Mas quando começa a nos consumir, quando nos rouba a paz e nos transforma em versões que nem reconhecemos mais, precisamos entender que partir também é um ato de coragem.


Não é covardia soltar as mãos que já não seguram as nossas. Não é fraqueza deixar para trás aquilo que, lá no fundo, já nos deixou faz tempo.


Porque amar não é sobre mendigar afeto. Amar não é carregar sozinho um sentimento que deveria ser compartilhado.


E por mais que doa admitir, há momentos em que insistir nos machuca mais do que ir embora.


Então, não. A gente não desiste do que ama. A gente desiste do que já desistiu da gente. E, no fim das contas, essa também é uma forma de amor. Amor-próprio.

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page