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O peso de ficar, a liberdade de partir

A vida sempre nos coloca diante de escolhas. Algumas são simples, quase automáticas, enquanto outras carregam o peso de uma despedida, de um fim que não queríamos admitir.


Por muito tempo, eu escolhi permanecer. Escolhi fingir que certas dores eram passageiras, que o amor poderia compensar a falta de cuidado, que a esperança poderia preencher os vazios que se acumulavam. Me agarrei a desculpas, me convenci de que insistir era uma forma de amor, mesmo quando tudo o que eu recebia em troca era ausência, indiferença e um cansaço que ia me consumindo aos poucos.


Mas chega um momento em que precisamos ser honestos conosco.


E a verdade, por mais dolorosa que seja, é que muitas vezes a dor que sentimos não é um castigo do destino, mas uma consequência das escolhas que fazemos.


Então, em algum ponto, a pergunta se impõe: até quando? Até quando vou continuar segurando algo que me pesa mais do que me sustenta? Até quando vou aceitar feridas como parte do caminho, como se amar precisasse ser um processo de constante sofrimento? Até quando vou escolher alguém que não me escolhe da mesma forma?


Foi quando entendi que, às vezes, a decisão mais difícil é também a mais necessária.


Desfazer-se do que machuca não é desistência, é amor-próprio. É reconhecer que merecemos mais do que migalhas, mais do que promessas vazias, mais do que uma presença que, na verdade, já se tornou uma ausência.


Então, eu escolhi.


Escolhi me libertar do que me prendia, ainda que isso significasse abrir mão do que um dia me fez feliz. Escolhi me curar, ainda que, para isso, precisasse sentir a dor da despedida. Escolhi a mim, depois de tanto tempo escolhendo alguém que nunca me escolheu de verdade.


E nessa escolha, finalmente me encontrei.

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